lut 6, 2014

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Cześć pierwsza 

Brief_'Dominus_ac_Redemptor'

Dok. 1

José Caeiro, S. J.[1], História da Expulsão da Companhia de Jesus das Províncias Ultramarinas da Assistência de Portugal (Séc. XVIII), Vol. IV, traduzione dal latino secondo il manoscritto del Archivio della Provincia Portoghese della Compagnia di Gesù, p. 21.

Summary: The Jesuits in Brazil were questioned whether they charged the natives for the religious services rendered by them; whether they enslaved or exploited them, etc. No local accused the Jesuits of such wrongdoings.  Nevertheless, the property and goods of the Jesuits were confiscated on pretext that all of that had been acquired by illegal means and at the cost of the natives.

Então, o ministro régio dava começo aos interrogatórios. Os pontos principais sobre que incidiam eram os seguintes: se os jesuítas cobravam alguma coisa dos índios pelos ministérios sagrados; se os sujeitavam à escravidão; se lhes usurpavam os bens; se lhes proibiam o trato com os portugueses; se sim ou não os jesuítas lhes tomavam o que recebiam em paga dos seus trabalhos; se lhes davam sentenças nas suas pendências ou puniam os crimes; se todos os dias, afora os santificados, trabalhavam para os jesuítas.

Foram interrogados, além dos vereadores, pouco antes escolhidos, muitos outros índios; e não houve um só em tantas aldeias que acusasse os jesuítas de tais crimes. Pelo contrário, não poucos, desabafando em louvores, não menos enalteciam os benefícios deles recebidos do que a inocência das suas vidas e as recordações saudosas.

Consta mesmo que, quando a documentação destes processos chegava às mãos do Conselho Régio, o Vice-Rei e os triúnviros ficavam admirados da reconhecida inocência dos jesuítas, pois, sendo tantos os índios chamados a depor contra eles, incluindo alguns que tinham sido severamente castigados pelos seus delitos, contudo, nenhum deles proferiu uma só palavra em desabono dos padres.

Não virá fora de propósito, como outras vezes fizemos, voltar a atenção e analisarmos atentamente as intenções de Carvalho. Os pontos do questionário, acima apontados, no seu libelo Relação Abreviada, que assacava aos jesuítas do Paraguai e do Maranhão, e por aqueles tempos continuamente repetia, em estilo declamatório, aos seus convivas, que os jesuítas do Brasil não eram inocentes, que tinham construído uma espécie de República, que se assenhoravam do comércio, do trabalho, dos bens e da liberdade dos índios e isto comunicou-o por carta ao Arcebispo da Baía; mas mandou-lhe que sequestrasse juridicamente os bens móveis que os jesuítas possuíam nas aldeias, pois haviam sido adquiridos daquela forma. E aos triúnviros igualmente ordenara que arrolassem todos os bens que os jesuítas possuíam nas aldeias, pois haviam sido adquiridos com o trabalho e suores dos índios.

 

Dok. 2

José Caeiro, S. J, História da Expulsão da Companhia de Jesus das Províncias Ultramarinas da Assistência de Portugal (Séc. XVIII), Vol. IV, traduzione dal latino secondo il manoscritto del Archivio della Provincia Portoghese della Compagnia di Gesù , pp. 25-27.

Summary: The king of Portugal ordered all the foreign Jesuits working in Brazil to be deported to Portugal. Later, the Portuguese Jesuits were deported to Italy. Accusation against the Jesuits became the reasons for their deportation.

Enquanto sucediam estes novos acontecimentos nas aldeias, os triúnviros não estavam ociosos na cidade. Primeiramente, avisaram por carta o Provincial  de que o Rei ordenara que fossem deportados para Portugal todos os jesuítas oriundos de países estrangeiros. Iniciava assim Carvalho a expulsão dos jesuítas. Esses estrangeiros eram: o Padre Tomás Lynch, inglês, que governara a Província; Francisco Atkins, estudante de Filosofia, também de família inglesa, mas nascido na Ásia, e o Irmão Honorato Martin, francês. Todos os três residiam na Baía. O Provincial avisou-os imediatamente desta ordem régia, e aos restantes, que moravam longe, escreveu cartas para lhes mandar que embarcassem para Lisboa no primeiro navio. Lynch e Martin aconselhados pelo Desembargador Mascarenhas, em razão da sua idade e doenças, escusaram-se perante os triúnviros. Estes decidiram que não era intenção do Rei que, chegados à idade senil, fossem obrigados àquela navegação. E assim conseguiram adiar a viagem. Quanto a Atkins, discutiu-se muito e por longo tempo; Mascarenhas pretendia que ele fosse reconhecido como cidadão da Baía, pois ali fora recebido na Igreja Católica Romana e, portanto, segundo as leis pontifícias e pátrias, como tal devia ser considerado.  Mascarenhas, com estes sentimentos de humanidade, apenas conseguiu ser considerado pelos outros dois desembargadores como se falasse em favor dos jesuítas, e, como tal, delatado a Carvalho, pelo que incorreu em gravíssimas desgraças, como veremos adiante.

O jovem Atkins, deportado para Lisboa, esteve muitos meses no Colégio de Santo Antão, sendo depois transferido para os cárceres de Azeitão. Resistindo ali até ao ano de 1761 com heróica constância às solicitações de Novais para que abandonasse a Companhia, persistiu sempre constante na sua vocação até à expulsão dos seus companheiros. Se, porém, nela perseverou, ou se, vencido pelos sofrimentos de um cárcere prolongado, a abandonou, não o posso presentemente afirmar.

A 15 de Abril de 1759, o Arcebispo da Baía, recebeu, por carta, ordem do Rei para que embarcassem para Portugal três jesuítas: os padres João Honorato, que tinha governado a Província, Luís Álvares e Manuel Gonzaga. As causas do desterro eram, como todas as outras, insinuações destituídas de todo o fundamento.

Honorato fora enviado como procurador a Roma, e pedira insistentemente ao Papa Bento XIV, e este de boa vontade lhe concedera, a faculdade de que os jesuítas pudessem crismar os índios, que moravam longe das cidades; e assim, com este sacramento, os confirmassem nas lutas contra o inimigo do género humano. Ao regressar a Lisboa, apresentou o documento da concessão a Diogo Mendonça que era o Secretário da Marinha e Ultramar, para saber se seria do agrado do Rei. Poucos dias depois, foi-lhe restituído o documento, assinado pelo próprio Mendonça, em que se declarava que era do agrado do Rei que os jesuítas usassem daquela faculdade. E uma cópia autenticada ficou arquivada na Secretaria da Marinha em Lisboa, e também na Baía. Nada, pois, omitiu Honorato do que da sua parte lhe competia fazer; contudo, não pôde escapar ao exílio, porque foi dado como réu de ter sonegado aquelas faculdades pontifícias, quando, por meio de vários documentos, constava precisamente o contrário.

As causas do desterro de Álvares, não as pude averiguar com exactidão; tenho, no entanto, por certo que foram arquitectadas por aquele perverso sacerdote Vaz, a quem acima nos referimos, e enviadas a Carvalho para Lisboa. E assim, sem nenhuma investigação, foi-lhe decretado o exílio.

Com respeito a Gonzaga, o caso foi realmente surpreendente, e não sei se terá havido outra maquinação de Carvalho mais despudorada e estulta.

O Ministro, no seu libelo Relação Abreviada, fez, com a costumada probidade, graves acusações aos jesuítas do Maranhão; e assacou ao Padre Manuel Gonzaga crimes horrendos, pelo que, por ordem régia, foi decretada a sua expulsão do Maranhão e o desterro para Lisboa. O Governador Francisco Xavier Mendonça Furtado, irmão de Carvalho, comunicou a este que não havia ali nenhum jesuíta com semelhante nome, e portanto nenhum podia ser castigado com o exílio. Mal parada ficaria pois a «República Maranhónica», parecida com o Império de Nicolau I, como um ovo com outro ovo, se não aparecesse algum Manuel Gonzaga, vindo de qualquer parte, para a salvar da ruína! Mas no catálogo da Província do Brasil, que Saldanha logo no início exigira, encontrava-se, de facto, o nome de Manuel Gonzaga. Carvalho, calcando todos os sentimentos de religião, mandou este homem, totalmente inocente, ser deportado primeiramente para a Baía e depois para Lisboa, para aí ser encerrado numa masmorra, apesar de ele ter declarado que nunca vira sequer terras do Maranhão. E assim, por um requinte de crueldade e malvadez, veio a reabilitar-se a credibilidade do libelo de Carvalho, Relação Abreviada.

A estes três que, no mês de Agosto, desembarcaram em Lisboa, juntou-se o Rogério Canísio acima mencionado, alemão deportado das aldeias do Ceará para Pernambuco e dali para a Baía. De nenhum crime foi acusado, salvo o ser estrangeiro; a pena, igual à dos outros: cárceres perpétuos!

 

Dok. 3

José Caeiro, S. J., História da Expulsão da Companhia de Jesus das Províncias Ultramarinas da Assistência de Portugal (Séc. XVIII), Vol. IV, traduzione dal latino secondo il manoscritto del Archivio della Provincia Portoghese della Compagnia di Gesù pp. 41-42.

SummaryIn Brazil, the viceroy promulgated the law of expulsion of the Jesuits. The seminarians were told to leave the house. The Jesuits were taken by soldiers to Baia. The soldiers treated the Jesuits well.

Logo que os jesuítas ficaram encarcerados na Casa de Provação, desembarcou o novo Vice-Rei, e nesse mesmo dia, 9 de Janeiro [1760], tomou posse do cargo e mandou promulgar a lei de expulsão dos jesuítas. Levou-a a cabo, ao som dos sinos e das trombetas, com o incrível luto de toda a cidade. Sei que bastantes cidadãos a abandonaram e se retiraram para o campo, tanto por sentimento pela desgraça dos jesuítas, como pelo receio de que também eles, segundo supunham, fossem abrangidos por algum castigo do céu.

Pouco depois abriram-se as portas da Igreja do Colégio, fechada logo após a expulsão dos jesuítas, e entrou nela uma onda de povo; prostrados de joelhos ante a estátua de Sto. Inácio, pediram-lhe pela incolumidade dos jesuítas; e havia mesmo quem se lamuriasse de que o santo deixasse assim abandonados os seus filhos, oprimidos com tantos calúnias, e não acudisse em sua defesa.

Naquele tempo em que o Marquês do Lavradio principiou a governar, vários desembargadores, a quem estava confiada a expulsão dos jesuítas de fora da cidade, procuravam escusar-se, pretextando várias causas; todas, porém, propositadamente, para se livrarem daquela obra iníqua. Passamos a referir o que de facto fizeram.

O Desembargador régio Francisco Figueiredo Vaz, nada afecto aos jesuítas, apressou-se a cumprir as ordens recebidas. No dia 28 de Dezembro, dirigiu-se ao Seminário de Belém (da Cachoeira), colocou sentinelas à volta da casa e com modos pouco corteses e muito desabridos, pôs fora os seminaristas. Aos jesuítas presos, contava-os duas vezes por dia. Até as relíquias dos santos arrolou. Aos jesuítas, fê-los jurar que não ocultariam nenhuns dinheiros públicos ou privados. Depois de os ter atormentado cruelmente durante trinta dias, mandou-os presos para a Baía, escoltados por soldados. Eram ao todo 11: Francisco do Lago, Reitor, Vitoriano da Cunha, João Barbosa, Inácio dos Passos, Félix Viana, José Carnoto, Francisco Marinho, sacerdotes; Francisco Bolcão e António Franco, escolásticos; e Manuel Lopes e António de Azevedo, irmãos coadjutores.

Pedro Henriques da Silva, Desembargador da Baía, tratou os jesuítas com toda a cortesia e bondade possíveis no Colégio de Porto Seguro. Colocou duas sentinelas às portas da igreja e outras duas na portaria da casa; as outras entradas ficaram livres. Permitiu-lhes mesmo que fossem dormir fora, porque tinha a certeza, como dizia, de que regressariam a casa, pois na Baía vira-os voltar espontaneamente para o Colégio já cercado. Os jesuítas ainda tinham o cuidado das aldeias circunvizinhas, já que até então não se tinham encontrado sacerdotes que os substituíssem. Chamados por cartas do Desembargador, apresentaram-se imediatamente e entregues, como os outros, à guarda dos soldados, foram depois metidos numa embarcação bastante grande que os levou até à Baía. Eram 4 sacerdotes: António de Andrade, Superior, José Anchieta, Gaspar Ferreira, Francisco de Pugas; 2 escolásticos: Nicolau dos Santos e João Rodrigues; e o irmão coadjutor: José Pereira.

Os soldados, interpretando a vontade do Desembargador, trataram os religiosos com suma reverência e caridade; os cidadãos presenciaram a saída, chorando publicamente.

 


[1] Gesuita portoghese, nacque nel 1712 a Reguengos de Monsaraz, ed è entrato nella Compagnia di Gesù nel 1726.  Morì nel 1791, esiliato a Frascati, negli Stati Pontifici.  Nella sua opera storica, racconta l’espulsione dei gesuiti dai territori portoghesi, basandosi sulle testimonianze dei suoi compagni di esilio.

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